sábado, 30 de abril de 2011

Devo sentir algo para adorá-lo?


E ae cambada! (tem gente q se assusta se eu chamo assim, então pra vc eu chamo de “E ae lindão!” Heheh..)
Graças a DEUS esta é a última semana sem meus amados irmãos colunistas! Q saudade do Márcio, Pati e Lê! Heheh!
Bom… na terça escrevi um breve estudo sobre adoração vs. música. Teve um tópico q abordei no qual queria trabalhar melhor aqui:
Devo sentir algo para adorá-lo?
devo-sentir-algo-pra-adorar
Vc já sentiu isso?
Tipo, vc está no meio do louvor, dae começa a adorar. Coloca seu coração em cada palavra, masssssss……. não sente aquela “unção”…… ou presença de DEUS…. como vc queira chamar.
Dae vc começa a se perguntar:
- Será q DEUS está recebendo meu louvor?
- Será q tenho algum pecado a ser confessado?
- Será q DEUS se afastou de mim?
Então te pergunto: – Pq vc fica se perguntando isso????
Vc responde: – Ué… pq não to sentindo nada!
Béeeeeee!!! Resposta errada!
Quem disse q vc precisa sentir algo para adorar a DEUS???? Hein? Hein? Hein?????
Vou lhes contar um testemunho:Eis q estava eu em meu aposento (huahauha q brega!). Então como gosto de fazer, deitei no chão e comecei a orar e adorar a DEUS. Passaram-se os minutos e não sentia “aquela presença de DEUS”…..
Passado mais um tempo, disse: “Amém, SENHOR…. vou dormir….” – Disse isso, mas o q meu coração dizia era “já q o SENHOR não vem, eu vou dormir…..”
Coloquei o 1º pé debaixo do edredon qndo DEUS resolve me dar uma lição:
- Fê, pq vc está indo dormir?
- Ah PAI…. o SENHOR não veio… fiquei orando e adorando aqui e nada……
- E quem disse q não estava aqui?
- Sei lá…. não senti nada…..
- Ah…. quer dizer q vc precisa de um toque pra me adorar???
- Não… é que eu……
- Significa q vc é como um carro velho q precisa ser empurrado???
- Não PAI…… é que…..
- Então vc precisa sentir algo pra me adorar???
- Ok…. entendi……
- Fê, desde q vc fechou os olhos eu estou aqui!
Cara, eu gosto como DEUS trata comigo! Hahaha!! Sei lá… acho cômico as vezes!
empurrando-carro
Mas depois de ouvir isso DELE, pulei da cama e voltei a orar e adorar. Dai pra frente durou mais de 1 hora!!!
Por isso q falo: Vc não tem q adorar a DEUS pelo o q ELE faz em vc e sim pelo o q ELE é!
O q nós queremos fazer com o louvor e adoração é agradar a DEUS certo? (sabendo q nossas vidas por completo devem ser para exclusiva adoração a ELE, quer comamos ou quer bebamos – 1 Coríntios 10:31 )
Ok, agora analisemos o seguinte versículo:
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. – Hebreus 11:6
Sem fé é impossível agradar-lhe: Não dá pra montar um estudo sobre fé aqui, mas a fé é racional! Não tem nada com emocional. DEUS permite q vc veja milagres, coisas aconteçam e até sensações em seu corpo com o objetivo exclusivo de te dar fé. Pq é assim q vc verá o teu SENHOR agindo e isso fará vc crer com mais convicção NELE. Então se vc tiver fé (q não é baseada em emoções) então vc estará agradando a DEUS.
Porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe: Não sei se na sua bíblia está diferente, mas na minha diz “CREIA q ELE existe” e não “SINTA q ELE existe”!!! Perceba q nessa frase tem o “é necessário”. É de suma importância vc crer q ELE está onde vc está!
e que é galardoador dos que o buscam: Se vc o buscar de tdo o coração, não tem como ELE resistir à sua adoração! (Salmos 51:17). Imagina um pai q ouve sua filhinha dizer: “Papai, ti amuuu!!!” – Q PAI q resiste a isso??? Com certeza ele vai correr ao encontro dela e abraçá-la, beijá-la, apertá-la……
A adoração deve ser baseada em nossa fé e não em nossas emoções! Fé é o firme fundamento e emoção é instável.
Talvez vc já ficou chateado(a) pq no acampamento tds foram tocados menos vc, no culto, os irmãos são cheios e vc não, no seu quarto, parece q a oração não passa do teto…….
Não seja um carro velho! Não se apoie em suas emoções para adorar a DEUS! Apoie-se na fé! Vc não precisa sentir q ELE está com vc, vc precisa CRER q ELE está ali com vc!
Não adore a DEUS barganhando com ELE, ou seja: “DEUS eu te adoro e vc me toca ok?”
Não o adore só por causa de SUA maravilhosa presença, não o adore já esperando q ELE vai vir e te tocar, não o adore esperando q ELE vai se manisfestar!!!! Adore pelo o q ELE é! Pelo o seu infinito amor!
Vc ficaria feliz se as pessoas te procurassem SOMENTE por algo q vc tem, ou seja, por interesse?
Morrer na cruz não foi o bastante pra vc?
Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor. – Gálatas 5:6
Fé q opera por amor: Este é um versículo q o SENHOR me mostrou de forma tremenda! Sua fé, deve agir baseado em amor!! Vc crê pq O ama!!!
Por exemplo: Vc pode evangelizar alguém pq crê q JESUS salva ou pq ama a JESUS e a consequência disso é a salvação!
Se na adoração devemos crer, então creiamos amando ELE!
Uhuuuuuuu!! Cara!! Meu coração se enche de alegria enquanto escrevo isso!!! DEUS é fantástico cara!!! Glória a ELE!!! ELE é lindo, lindo, lindo!!!! E cheroso!!! Heheh!
Na próxima vez q vc quiser adorá-lo (agradá-lo), faça-o com fé baseada no amor a ELE e crendo q ELE está no exato lugar onde vc está! Tipo ae do seu lado enquanto vc lê este estudo! 
;)
Q tal olhar pra ELE agora e o adorar???

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Zelo sem Entendimento - Martyn Lloyd - Jones



Fonte: http://www.vemvertvblog.com/

O Plano De Deus - Hernades Dias Lopes



Fonte: http://www.vemvertvblog.com/

Pastores da Visão




Por Marcelo Quirino

Biblicamente, um líder de verdade não tem uma visão própria, ao contrário do que muitos pensam. Soa estranho isso e até meio absurdo, mas como diz o ilustre mestre de epistemologia psicológica, Hilton Japiassu, ‘as palavras são exatas para cada área do conhecimento’.
Palavras são plurissêmicas, têm vários sentidos. Dependendo de qual campo de conhecimento estejam, possuem este ou aquele sentido. Assim, “líderes de verdade não têm uma visão“ possui um sentido de leitura bem específico. Um sentido psicológico e por incrível que pareça, cristão. É óbvio que aqui nos restringimos à liderança que se pretende cristã.
A visão pode ser definida como um alvo, uma forma de caminhar, as companhias e os recursos utilizados para se chegar onde se pretende. Esse alvo pode ser de alcance de um estado grupal ou de objetivos de estado para o grupo.

É imprescindível deixar anotado que uma visão não deve ser um pacote pronto formulado nas experiências passadas de um pastor que padroniza modos de direção e de liderança em detrimento das especificidades dos grupos.

Para essa temática de especificidade dos grupos, leia o texto
Sustentar uma visão assim é como andar por aí com uma caixinha quadrada para enfiar pessoas redondas, triangulares, retangulares, etc. Acaba-se excluindo ao invés de incluir. 
A tarefa que era de pastoreio vira de opressão. Sustenta-se autoritarismo em nome de Deus.
Essa opressão pode ser efetuada através do ‘deus me deu essa visão’, mas um modo de liderança que causa mais confusão do que direção. Mais reação do que ação, mais conflitos do que diálogo e mais discussão do que adesão. Destarte, confirma-se que é uma visão padronizada retirada de pensamentos humanos.
A visão divina considera o bem da igreja e principalmente é realizada nos formatos bíblicos
Pode até gerar discussão por ser divina, dirão alguns, mas será neotestamentária e não veterotestamentária, onde o líder se põe na posição de sacerdote exclusivo entre o povo e Deus em detrimento do sacerdócio universal.
O sacerdócio universal é muito mais do que um simples acesso ao Pai. O acesso ao Pai traz implicações necessárias. É muito mais do que ter acesso à oração sem interveniência de um terceiro. É um atributo da igreja neotestamentária.
Com acesso ao pai, a igreja alcança status de autonomia perante suas escolhas e decisões eclesiásticas. A posição de homem interpondo-se entre Deus e o homem para trazer as visões se esvaiu na passagem do velho para o novo.
Líderes que possuem uma visão desconsideram o fator complexidade que possui a liderança e apenas demonstram que não entendem nada desse fenômeno. 
Se tal visão for rígida e inflexível, são líderes localizados na leva de autoritários e cegos.
A cegueira advém justamente por se ter uma visão e se desconsiderar a complexidade que são as pessoas e a igreja neotestamentária. Líderes precisam entender que pessoas são complexas, paradoxais, divergentes e mutáveis. Torna-se mais complexo quando toda essa estabilidade encontra-se reunida num grupo. Contudo não é a complexidade que vai nos permitir sustentar o autoritarismo.
Temos que ressaltar que o Espírito não é uma dádiva de líderes, mas de toda igreja. Assim, o Espírito se revela em todos nós possibilitando o Sacerdócio Universal. É justamente essa prerrogativa que confere à igreja uma visão partilhada de seu caminhar e um planejamento conjunto de suas atividades.
Deve-se ressaltar que os princípios desse bem comum estão todos elencados na Bíblia e óbvio que nem passa perto de benção, promessa, conquista, vitória, catarse emocional, etc. O evangelho é negação da carne e elevação do espírito. É uma luta constante entre a santidade e alguns elementos da cultura.
Portanto, qualquer visão deve ser feita a partir da igreja, pela igreja, com a igreja e para o bem da igreja. 
A igreja é o fim de toda visão dada por Deus. Visão compartilhada, porque a igreja é neotestamentária.
Líder não tem uma visão própria. Ele carreia uma visão embasada na Bíblia e formulada em conjunto com a igreja na qual se encontra. Contudo, o maior desafio está em ser profeta de acordo com I Co 14:3 e ao mesmo tempo um líder democrático.

Marcelo Quirino é Psicólogo Clínico (UFRJ)

domingo, 24 de abril de 2011

Adoração – J. I. Packer













Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão.
SALMO 95.6,7

Adoração na Bíblia é a resposta devida pelas criaturas irracionais à auto-revelação de seu Criador. É uma honraria e glorificação a Deus por meio de um grato oferecimento retribuidor a Ele por todas as boas dádivas, e todo o conheci¬mento de sua grandeza e graça a nós concedidas. Isto inclui o louvor a Ele pelo que Ele é, agradecendo-lhe os seus feitos, desejando-lhe glória adicional por seus atos de misericórdia, julgamento e poder, e crendo nele pelo futuro bem-estar nosso e de outrem. Posturas de mística solenidade e celebração animada, todas fazem parte dela: Davi dançou com ardente entusiasmo "diante do SENHOR", quando trouxe de volta a arca a Jerusalém, e se pôs humildemente perplexo "perante o SENHOR", quando lhe foi prometida uma dinas¬tia, e sua adoração evidentemente agradou a Deus em ambas ocasiões (2 Sm 6.14-16; 7.18). Aprender com Deus é também adoração: atenção à sua palavra de instrução honra-o; a desatenção é um insulto a Ele. Uma adoração aceitável requer "mãos limpas e um coração puro" (SI 24.4), como também a disposição de expressar a devoção em atos de serviço e em palavras de adoração.

A base da adoração é o relacionamento pactual, por meio do qual Deus se associou àqueles a quem salvou e reivindicou para si. Isto foi verdadeiro na adoração a Ele prestada no Velho Testamento, como agora na adoração cristã. O espírito da adoração pactuai, como o Velho Testamento o modelou, é uma mescla de temor respeitoso e alegria pelo privilégio de aproximar-se do poderoso Criador com total auto-humilhação e confissão honesta de pecado, insensatez e necessidade. Sendo Deus santo e nós, humanos, imperfeitos, isto deve ser sempre assim neste mundo. E como a adoração deve ser o ponto central na vida celestial (Ap 4.8-11; 5.9-14; 7.9-17; 11.15-18; 15-2-4; 19.1-10), assim deve ser na vida da igreja sobre a terra, e deve ser desde já a principal atividade, tanto individual como corporativa, na vida de cada crente (Cl 3.17).

Na legislação mosaica, Deus deu a seu povo da aliança um modelo completo para adoração. Todos os elementos da verdadeira adoração foram incluídos nele, embora alguns fossem típicos, apontando para Cristo e deixando de valer após sua vinda. No livro de Salmos, hinos e preces para uso na adoração dos israelitas foram providenciadas. Os cristãos corretamente os utilizam em sua adoração hoje, fazendo ajustes mentais quando a referência é dirigida a características peculiares da dispensação da aliança de Deus no Velho Testamento — rei terreno de Israel, reino, inimigos, batalhas e experiências de prosperidade, empobrecimento e disciplina divina, além do que era típico do modelo judaico de adoração.

Os principais aspectos no modelo litúrgico que Deus deu a Israel foram os seguintes:

(a) O sábado, cada sétimo dia seguinte aos seis dias de trabalho: um dia santo de descanso, a ser observado como um memorial da Criação (Gn 2.3; Êx 20.8-11) e redenção (Dt 5.12-15). Deus insistiu na guarda do sábado (Êx 16.21-30; 20.8,9; 31.12-17; 34.21; 35.1-3; Lv 19.3,30; 23.3; cf. Is 58.13,14) e fez da quebra do sábado um pecado mortal (Éx 31.14; Nm 15.32-36).

(b) Três festas anuais nacionais (Êx 23.14-17; 34.23; Dt 16.6), nas quais o povo se reunia no santuário de Deus para oferecer sacrifícios, celebrando sua generosidade, para buscar e agradecer a reconciliação e comunhão com Ele, e para comer e beber juntos como expressão de alegria. A festa da Páscoa e do Pão Asmo, realizada no décimo quarto dia do pri¬meiro mês, comemorava o êxodo (Êx 12; Lv 23.5-8; Nm 28.16-25; Dt 16-1-8); a Festa das Semanas, também chamada Festa da Colheita e Dia dos Primeiros Frutos, marcava o fim da colheita dos grãos, e era realizada cinquenta dias após o sábado que iniciava a Páscoa (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12); e a Festa dos Tabernáculos ou Tendas, também chamada Festa do Ajuntamento, realizada do décimo quinto ao vigésimo segundo dia do sétimo mês, celebrada no fim do ano agrícola e também como lembrança de como Deus guiou Israel pelo deserto (Lv 23.39-43; Nm 29.12-38; Dt 16.13-15).

(c) O Dia da Expiação, comemorado no décimo dia do sétimo mês, quando o sumo sacerdote levava o sangue ao pro¬piciatório no centro do santuário para expiar os pecados de Israel durante o ano anterior, e o bode emissário saía para o deserto como sinal de que aqueles pecados tinham então ido embora (Lv 16).

(d) O sistema sacrificial regular, envolvendo diariamente e mensalmente as ofertas queimadas (Nm 28.1-15), e mais uma variedade de sacrifícios pessoais, características comuns aos quais eram que qualquer coisa ofertada devia ser sem defeitos e que, quando um animal era oferecido, seu sangue devia ser esparzido sobre o altar das ofertas queimadas para que fosse feita a expiação (Lv 17.11).

Rituais de purificação pessoal (Lv 12-15; Nm 19) e devoção (por exemplo, a consagração dos primogênitos, Èx 13.1-16) também faziam parte do modelo dado por Deus.

Sob a nova aliança, em que os tipos do Velho Testamento cederam lugar a seus antítipos, o sacerdócio, sacrifício e intercessão de Cristo substituíram todo o sistema mosaico de expia¬ção do pecado (Hb 7-10); o batismo (Mt 28.19) e a Ceia do Senhor (Mt 26.26-29; 1 Co 11.23-26) substituíram a circuncisão (Gl 2.3-5; 6.12-16) e a Páscoa (1 Co 5.7,8); o calendário festivo judaico não mais obriga (Gl 4.10; Cl 2.16); noções do cerimonial de purificação, imposto por Deus para a conscientização de que algumas coisas afastavam o homem de Deus, cessaram de ser aplicadas (Mc 7.19; 1 Tm 4.3,4); o sábado foi renovado com a casuística de fazer o bem do que nada fazer (Lc 13.10-16; 14.1-6), e recontado na base de um dia mais seis e não mais seis mais um. Parece claro que os apóstolos ensina¬ram os cristãos a adorar no primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de Jesus, "o dia do Senhor" (At 20.7; Ap 1.10), tratando-o como o sábado cristão. Estas mudanças foram importantes, porém o modelo do louvor, agradecimento, gozo, crença, pureza e serviço, que constitui a verdadeira adoração, continua imutável até estes dias.

sábado, 23 de abril de 2011

Por que me Desamparaste? - C. H. Spurgeon



Fonte: http://www.josemarbessa.com/

O Poder da Ressurreição de Cristo- Dave Hunt


O Poder da Ressurreição de Cristo

A oração de Paulo pelos crentes efésios é muito específica. Ele pede a Deus que lhes dê um entendimento e conhecimento mais profundo acerca de Cristo, e seria bom se buscássemos o mesmo para a nossa vida. Isso não é algo que se possa aprender num seminário ou mesmo num estudo bíblico ou na leitura de livros devocionais. O desejo de Paulo era que eles recebessem de Deus, voluntariamente, o “espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele” (Ef 1.17-23).
Especificamente, Paulo ora para que eles conheçam a “suprema grandeza” do poder que Deus queria demonstrar na vida deles. A explicação de Paulo sobre esse assunto é muito esclarecedora. Paulo nos fala sobre esse poder em Filipenses 3. Esse poder era, de fato, o que ele tanto desejava para si mesmo. Ele o chama de “o poder da sua ressurreição” e declarou: “Para o conhecer, e o poder (dynamis) da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;  para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fp 3.10-12).
Será que Paulo estava em dúvida quanto à sua salvação, achando que talvez não estivesse qualificado para a ressurreição dos crentes no Arrebatamento? Dificilmente! Ele está nos dizendo que a Ressurreição não é apenas um evento histórico do qual nos lembramos com satisfação e alegria, mas também o maior acontecimento da história (passada, presente e futura) de todo o cosmos! O maior evento de todos os tempos no universo é também um dos mais difíceis de entender. Nós falamos sobre esse acontecimento de uma forma extremamente trivial, mas ele é o pivô em torno do qual toda a história se articula e que a dividiu para sempre em duas partes. A divisão do tempo não deveria ser apenas a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo); deveria ser a.R. (antes da Ressurreição) e d.R. (depois da Ressurreição).
Diante dos telescópios e dos meios tecnológicos de que dispomos hoje para aparentemente esquadrinhar os mais remotos cantos do universo, as palavras de Davi no Salmo 19 assumem um significado ainda mais profundo: “Os céus proclamam a glória de Deus [...]”. A Criação é a maior expressão visível de poder, e nós nos curvamos em espanto e adoração quando pensamos no Deus infinito que está por trás de tudo o que se pode ver. Mas Paulo diz que isso não é nada em comparação com o poder demonstrado na Ressurreição de Jesus Cristo, e esse é o grande poder que Paulo queria que os efésios experimentassem diariamente.
A Ressurreição não é apenas um evento histórico do qual nos lembramos com satisfação e alegria, mas também o maior acontecimento da história (passada, presente e futura) de todo o cosmos!
De fato, Paulo nos diz que a Ressurreição é a maior prova do poder de Deus jamais apresentada e cuja grandeza não pode ser superada. Precisamos entender o porquê dessa afirmação e por que Paulo orou daquela forma. Afinal de contas, “A vida estava nele [em Cristo]” (Jo 1.4). Jesus disse: “[...] tenho poder para a dar [minha vida] e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.18, ARC). Então, por que foi necessário um poder tão grande para ressuscitar Cristo dentre os mortos?
Durante sua vida na terra, e antes de sua própria ressurreição, Cristo havia ressuscitado muitos dentre os mortos. Mas aqueles a quem ele ressuscitou, como Lázaro (Jo 11.1-43) e o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-16), morreram novamente após alguns dias ou anos para aguardar a ressurreição de todos os crentes no Arrebatamento.
Como o Doador da vida, por intermédio de quem foram criadas todas as coisas (Jo 1.3), poderia ser morto? Temos aqui uma aparente contradição. Foi Cristo mesmo quem disse, a respeito de sua vida: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (Jo 10.18). Entretanto, Pedro acusa os judeus de terem matado Jesus: “vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23). Dirigindo-se ao conselho rabínico, Estêvão usa uma linguagem ainda mais forte: “do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos [...]” (At 7.52).
O motivo pelo qual foi necessário usar o maior poder jamais aplicado a fim de ressuscitar a Cristo dentre os mortos só pode estar associado ao tipo de morte que Ele morreu. Deus havia declarado que a penalidade para o pecado é a morte, que é a eterna separação de Deus. Mas será que esse castigo não é forte demais? Adão e Eva foram expulsos do jardim paradisíaco por seu Criador (que os havia colocado ali) por causa de uma infração aparentemente pequena: comer um determinado fruto. Isso é motivo para um castigo eterno?
Nós tratamos o pecado com muito descaso, vendo apenas o ato em si e esquecendo contra quem ele é cometido. O pecado de Adão e Eva não foi apenas comer o fruto proibido. Foi desafiar e se rebelar deliberadamente contra Aquele que havia criado não só a eles, mas a todo o universo. Na nossa perspectiva, o pecado de Davi – adultério, assassinato e mentira – foi muito mais condenável. Mas Davi sabia o que era o pecado: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos” (Sl 51.4).
Em sua essência, o pecado é uma traição intencional, uma rebelião clara e desafiadora contra o Criador e Governador do universo. Precisamos nos lembrar desse fato. A maioria dos cristãos que, ao serem convencidos pela consciência, caem com o rosto em terra e confessam seus pecados, não está realmente confessando o horror do que fizeram. Não basta se arrepender dos atos praticados. É preciso confessar também que, não importa quão trivial nos pareça o ato que praticamos, o que nós fizemos foi repetir a traição de Adão e Eva contra o Senhor Deus. Se não reconhecermos isso com convicção profunda no coração, a confissão será incompleta.
O pecado tem uma dimensão moral e espiritual que Cristo teve que suportar por todo indivíduo, e nenhum outro poderia fazê-lo.
Agora, começamos a entender por que foi necessária “a suprema grandeza do seu poder” (Ef 1.19) para ressuscitar a Cristo dentre os mortos. O escritor de um hino disse com muita propriedade: “Foi o enorme fardo dos nossos pecados que te deitou no túmulo, ó Senhor da vida”. O que quer dizer isso? Como poderiam os nossos pecados ser lançados sobre o Cristo sem pecado? Isso certamente não foi feito quando Pilatos condenou a Cristo, nem quando os ímpios soldados romanos O açoitaram e O pregaram numa cruz. Contudo, foi isso que o filme antibíblico A Paixão de Cristo (de Mel Gibson) retratou – e o filme foi elogiado por milhares de evangélicos, entre eles centenas de líderes.
O que realmente aconteceu na Cruz não só não poderia ser retratado num filme como, ao ser omitido, foi negado por ele. Isaías escreveu: “Todavia, ao senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado” (Is 53.10).Claramente, o que os homens fizeram com Cristo não teve nada a ver com o Senhor moê-lo e fazer de Sua alma um sacrifício pelo pecado. O pecado tem uma dimensão moral e espiritual que Cristo teve que suportar por todo indivíduo, e  nenhum outro poderia fazê-lo.
O nosso Salvador não tinha que ser apenas perfeitamente sem pecado para poder pagar pelos pecados dos outros – ele tinha que ser infinito. Ninguém, a não ser Deus, poderia satisfazer a justiça dessa forma. Mas a sentença havia sido pronunciada contra ahumanidade. Portanto, Deus, apesar de infinito, não poderia pagar essa pena, a não ser que se tornasse totalmente homem sem deixar de ser Deus. Por isso a necessidade do primeiro e único nascimento virginal.
Os ateus alegam que seria injusto um inocente pagar pelos culpados. Isso seria verdade, não fosse por outra dimensão da Cruz. Para os que crêem, Deus considera a morte e a ressurreição de Cristo como se fosse a deles. Todo aquele que crê sofre uma milagrosa transformação interior que foi prometida por Cristo e que Ele chamou de “nascer de novo” (Jo 3.3-16). Isso não é um clichê, é a realidade.
Pilatos não tinha idéia do que estava dizendo quando apresentou Cristo à multidão agitada:“Eis o homem!” Aquele era o homem como Deus queria que fosse. Paulo o chamou de “o segundo homem” e de “o último Adão” (1 Co 15.45,47). Em outras palavras, desde Adão – criado pela mão de Deus no Jardim, sem contaminação – até Jesus, o último Adão – formado no útero de uma virgem, sem contaminação – não havia ninguém de quem se pudesse dizer: “Eis o homem como Deus queria que fosse”.
“O enorme fardo dos nossos pecados”, que teria mantido a humanidade no Lago de Fogo para sempre, poderia ser suportado pelo Ser infinito na Cruz, onde Ele se colocou entre Deus e o Homem. Se a Justiça Infinita não tivesse sido satisfeita através do pagamento integral dos nossos pecados efetuado por Cristo, Ele não poderia ter saído daquele sepulcro.
“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15.19-20).
A penalidade para o pecado é ser banido eternamente da presença de Deus e de todo o seu universo e lançado no exílio no Lago de Fogo. Esse é o castigo determinado pela Suprema Corte de Deus para a alta traição contra o Criador de todas as coisas. Um dos maiores horrores do Lago de Fogo será o fato de que mesmo naquele lugar de tormento os que odeiam a Deus não conseguirão escapar dEle. Ele estará lá, na consciência dos perdidos, consciências que não poderão mais se esconder atrás de nenhuma desculpa. Não haverá como fugir da verdade que eles rejeitaram e que os atormentará eternamente. Davi afirmou:“Se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás” (Sl 139.8).
Nenhum ser finito poderia pagar a penalidade exigida pela infinita justiça de Deus. Nenhum ser humano que tentasse pagar por seus próprios pecados poderia dizer finalmente, como exclamou Cristo em triunfo na Cruz: “Está consumado! A dívida foi paga”.  Mas o preço tinhaque ser pago integralmente. De que outro modo os portões da justiça se abririam?
No Livro de Jó, temos uma noção da verdadeira luta entre Satanás e Deus pelo domínio do Cosmo. “Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles” (Jó 1.6). Essa narrativa espantosa nos dá uma idéia do que está envolvido na batalha entre Deus e Satanás. É um conflito de proporções cósmicas pelo controle do universo, e o homem é o prêmio que ambos os lados desejam. É uma batalha bem real, cujo objetivo é conquistar o coração e a afeição do homem. Mas é bom lembrar que não há nenhuma garantia de que Deus triunfará em cada caso individual. Com o dom do livre arbítrio, cabe a cada ser humano escolher de que lado ficará nessa batalha.
Os cristãos têm um papel fundamental na derrota final de Satanás: “Eles, pois, o venceram [a antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás – Ap 12.9] por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). Com o amor de Cristo em nosso coração, seguimos o exemplo que Ele mesmo deixou para nós: “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2.21-25).
Satanás continua a entrar na presença de Deus desafiadoramente, como fazia na época de Jó. Como podemos ter certeza disso? Pelo fato de que ele ainda acusa os irmãos diante do trono de Deus dia e noite, e continuará fazendo isso até o fim (Ap 12.10). Como já dissemos certa vez, e sempre é bom repetir, Satanás é como um presidente no fim do mandato. Ele ainda pode andar livremente pelos corredores do poder e tem bastante influência por trás dos panos. Ele ainda não foi expulso do céu, mas esse dia está chegando:
“Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12.7-9).
Como Satanás será expulso no final? Existe um velho hino que expressa com simplicidade e beleza o que a Escritura retrata:
Em fraqueza, como um derrotado, Ele conquistou a coroa da vitória; Permitindo que pisassem nele, colocou todos os nossos inimigos sob seus pés. Ele abateu o poder de Satanás; Feito pecado, derrotou o pecado. Curvou-se ante o sepulcro, destruiu-o também; e, ao morrer, matou a morte.
Satanás não consegue entender como Cristo, com brandura e aparente fraqueza, pôde triunfar sobre ele. Ele fica confuso com tudo que diz respeito à Cruz. Primeiro, ele inspirou Pedro para impedir Cristo de ir para a Cruz: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá” (Mt 16.21-22). Sabemos que Satanás inspirou Pedro por causa da resposta de Cristo: “Arreda, Satanás!” Depois, ele inspirou Judas para entregar Jesus aos rabinos para que eles pudessem conseguir Sua crucificação: “Entrou nele Satanás” (Jo 13.27). Até hoje, Satanás não entendeu nada.
“Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11).
Na minha opinião, Satanás realmente acha que pode sair vencedor dessa batalha pelos corações e mentes da humanidade. E por que não? Ele oferece exatamente aquilo que treinou o homem para cobiçar: riqueza, bens, prazer hedonista, sexo livre, popularidade, fama, drogas e álcool em abundância, satisfação de todos os seus desejos sensuais. Mas, apesar disso, multidões preferem seguir a Cristo, embora Ele ofereça o ódio e a rejeição do mundo, com perseguição e sofrimento – mas também a eternidade em sua presença, onde há felicidade verdadeira: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11).
E o que acontece com os que fazem a escolha errada e preferem juntar-se a Satanás em sua traição? Deus não tem prazer em castigar os perversos (Ez 33.11), mas a punição de cada um é de acordo com seu crime. Quando lemos o que os líderes ateus dizem a respeito de Deus em flagrante e desafiadora rebeldia, temos certeza de que eles arrancariam Deus de Seu trono se pudessem. Eles odeiam a Deus. Sem dúvida, o tormento eterno no Lago de Fogo por causa de sua traição será a colheita daquilo que eles mesmos semearam.
Veja o que disse Richard Dawkins, líder do movimento do Novo Ateísmo, num debate com John Lennox, um cristão fervoroso e também professor de Oxford, cientista com dois Ph.D.s e que, em seu comentário final, deu testemunho de sua fé em Cristo e na ressurreição de nosso Senhor:
“Sim, bem, esse pedacinho final” – disse Dawkins, com os lábios encurvados de desprezo, a voz gotejando veneno – “entrega o jogo todo, não? Toda aquela história de ciência e física... tudo isso é muito grandioso e maravilhoso, e então, de repente, voltamos à ressurreição de Jesus. Isso é tão insignificante, tão trivial, tão local, tão sem imaginação –  tão indigno do universo”.
Mas, para Deus, a Ressurreição foi a maior demonstração de Sua majestade e poder. Que lamentável exibição do ódio mortal que corrói Dawkins! Esse pagão, que obviamente adora a criação ao invés do Criador (Rm 1.21-23), está espumando de raiva. Essa manifestação de seu ódio a Deus vai zombar dele eternamente (Pv 1.20-33), enquanto os céus ressoarão com o eterno mas sempre renovado hino de louvor a Deus e ao Cordeiro: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”. 

domingo, 17 de abril de 2011

Por que podemos ter certeza da salvação?




Por Hernandes Dias Lopes

Os estudiosos dizem que a Carta de Paulo aos Romanos é a cordilheira do Himalaia de toda a revelação bíblica. Se Romanos é a cordilheira do Himalaia, então, Romanos 8 é o pico do Everest.  Em Romanos 8.29,30 Paulo faz cinco afirmações gloriosas, que são o fundamento da certeza da nossa salvação.

1. Deus nos conhece de antemão (Rm 8.29). 
Antes de Deus lançar os fundamentos da terra, acender as estrelas no firmamento e chamar à existência as coisas que não existiam, Deus já havia colocado o seu amor em nós, e nos conhecido como seu povo amado. O verbo conhecer tem o mesmo significado de “amar”. O amor de Deus é eterno, imutável e incondicional. Ele nos amou em Cristo, seu Filho amado, desde toda a eternidade.

2. Deus nos predestina para a salvação (Rm 8.30). 
Não fomos nós que escolhemos a Deus, foi ele quem nos escolheu. Nós amamos a Deus porque ele nos amou primeiro. Deus nos predestinou não porque previu que iríamos crer em Cristo, cremos em Cristo porque ele nos predestinou. A fé não é causa da eleição divina, é sua consequência. Eu não fui eleito porque cri, eu cri porque fui eleito. Deus não nos predestinou porque previu que iríamos ser santos. Nós fomos eleitos não por causa da santidade, mas para sermos santos e irrepreensíveis. A santidade não é a causa da eleição, mas seu resultado. Deus não nos elegeu para a salvação porque previu nossas boas obras, mas fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras. As boas obras não são a causa da predestinação, mas sua consequência. A nossa salvação é obra exclusiva de Deus para que toda a glória pertença a Deus.

3. Deus nos chama com santa vocação (Rm 8.30). 
Aqueles a quem Deus conhece e predestina, a esses também Deus chama e chama eficazmente. Há dois chamados: um externo e outro  interno; um geral e outro específicio; um dirigido aos ouvidos e outro dirigido ao coração. Jesus diz que as suas ovelhas ouvem a sua voz e o seguem. A voz de Deus é poderosa. Os eleitos de Deus podem até resistir a essa voz temporariamente, mas não finalmente. O mesmo Deus que nos elege na eternidade, tira as vendas dos nossos olhos, o tampão dos nossos ouvidos, retira o nosso coração de pedra e nos dá um coração de carne. Ele mesmo opera em nós o querer e o realizar, abrindo nosso coração, dando-nos o arrependimento para a vida e a fé salvadora.

4. Deus nos justifica conforme sua graça (Rm 8.30). 
Aos que Deus conhece, predestina e chama, também justifica. A justificação é um ato e não um processo. Acontece fora de nós, no tribunal de Deus, e não em nós. A justificação não tem graus, todos os que creem em Cristo estão justificados de igual modo diante do tribunal de Deus, por causa do sacrifício substitutivo de Cristo.  Aqueles que estão justificados estão quites com a justiça de Deus e com as demandas da lei de Deus. Não pesa sobre eles mais nenhuma condenação. Toda a infinita justiça de Cristo é deposita em sua conta.

5. Deus nos glorifica para a bem-aventurança eterna (Rm 8.30). 
Aqueles que são amados e predestinados na eternidade e salvos no tempo desfrutarão da bem-aventurança eterna. Embora, a  glorificação dos salvos seja um fato futuro, que se dará na segunda vinda de Cristo, na mente de Deus e nos decretos de Deus já é um fato consumado. Aqueles que crêem em Cristo e estão guardados nele têm a garantia do céu. Nada nem ninguém poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo. O apóstolo Paulo diz que aquele que começou a boa obra em nós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus. Que Deus seja louvado por tão grande salvação!

sábado, 16 de abril de 2011

As Horas do Calvário - Marcel Malgo



As horas mais solitárias que alguém já passou sobre a terra foram as horas do Calvário; pois Jesus - além de ser Filho de Deus - era também homem ao morrer por nós.
Por que, entretanto, o Calvário foi o lugar mais solitário que já houve? Parece fácil responder a essa pergunta, pois muitos dos nossos leitores sabem tudo sobre o Calvário e a morte do Cordeiro de Deus. Mas mesmo assim, nunca conseguimos responder com precisão a essa pergunta porque somos incapazes de compreender o que Jesus realmente passou no Calvário.
Segundo a Escritura, Jesus foi crucificado à "hora terceira" (Mc 15.25) (às nove horas da manhã). E à "hora nona" (às três horas da tarde) Ele deu Seu grito alucinante: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?... Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (v. 34). Isso significa, portanto, que Jesus Cristo, quando deu esse grito – já estava dependurado há seis horas na cruz em pavorosa solidão! Significa que durante seis horas inteiras Ele esteve sem o Pai, sim, até mesmo Deus O abandonou. Que nessas seis horas na cruz Ele esteve sem o Pai é provado pelo fato de Ele – que normalmente sempre falava do Pai quando se referia a Deus – ter clamado a Deus. E que Ele estava também sem Deus é mostrado por Suas palavras desesperadoras: "...por que me desamparaste?" Apesar de Ele clamar a Deus, Deus O havia abandonado!
Nesse sentido, as palavras do centurião romano contêm um simbolismo profundo e trágico:"O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus" (v. 39). Enquanto Jesus esteve dependurado na cruz, era como se Ele não fosse mais o Filho de Deus. Por quê? Porque naquelas horas Ele não tinha mais Pai. Mas – não era o Filho de Deus que estava dependurado ali na cruz? Naturalmente, mas não em Seu caráter glorioso, de Rei. Ele estava ali dependurado como homem, cuja aparência estava profundamente desfigurada, a quem todo o mundo desprezava, e virava o rosto. A respeito, o profeta Isaías já predisse palavras abaladoras aproximadamente 700 anos antes de Cristo: "...o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência mais do que a dos outros filhos dos homens... Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso" (Is 52.14b; 53.3). Quão terrível e pavorosa deve ter sido essa solidão para Ele! Pois a Ele, ao Senhor Jesus Cristo, aconteceu algo que jamais pode acontecer a nós, que nEle cremos: Ele realmente foi abandonado pelo Pai – durante horas. É o que expressa com a maior clareza Sua pergunta: "...por que me desamparaste?". Em outras palavras: "Tu me abandonaste – mas por quê?"


Nunca podemos acusar Deus de tal coisa porque não corresponde à verdade, pois o Senhor nunca nos abandonará, a nós que somos Seus filhos. No máximo, poderíamos dizer que nos sentimos abandonados. Na realidade, porém, nunca estamos sozinhos, pois em Hebreus 13.5b estão escritas as maravilhosas palavras: "De maneira alguma te deixarei nunca jamais te abandonarei." Ou pensemos nas palavras do próprio Senhor Jesus: "E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século" (Mt 28.20b). Paulo exclama com júbilo em Romanos 8.38-39: "Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." Não, nada, nem ninguém pode separar-nos de nosso Senhor, nunca seremos deixados sós; onde quer que estejamos, o Senhor está sempre presente! Ouça uma vez o que o salmista diz a respeito: "Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares: ainda lá me haverá de guiar a tua mão e a tua destra me susterá" (Sl 139.8-10). Em outras palavras: Senhor, tu estás sempre comigo; onde quer que eu esteja, o que quer que eu faça, para onde quer que eu vá, como quer que eu me sinta – tu estás sempre comigo. Sim, disso podemos estar certos, e graças ao Senhor que é assim.
Mas o próprio Senhor Jesus – quando esteve dependurado na cruz – não tinha mais nada disso; Ele ficou completamente privado de amor e consolo. Ao invés da alegre certeza da presença do Pai – Ele era atormentado por um horror paralisante. Ao invés de firme certeza interior – Ele sentia calafrios por causa do gélido silêncio de Deus. Ao invés do olhar amoroso do Pai – Ele só via trevas intransponíveis. Ao invés de afável e calorosa afeição do alto – os rugidos e a fúria de todo o inferno se abateram sobre Ele. Jesus Cristo experimentou exatamente o oposto daquilo que o salmista testemunha com tanta fé: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam" (Sl 23.4). Jesus andou literalmente pelo "vale da sombra da morte"; Deus não estava mais com Ele, a "vara e o cajado" do Pai não O consolavam mais.
"Por quê?", podemos perguntar, "por que, afinal?" Porque não era possível de outra maneira. Pois, apesar de Jesus ser o Cordeiro de Deus sem pecado, apesar de Ele nunca ter pecado em toda a Sua vida, apesar de Ele ter ficado puro e sem mácula, no Calvário Ele morreu como pecador. Bem entendido: Ele não morreu como pecador – pois, como dissemos, Ele era e continuou sem pecado –, mas Ele morreu por causa de pecados, isto é, dos pecados de todo o mundo.


Você sabe o que significa morrer a morte do pecador; você sabe qual é a terrível e inescapável conseqüência de tal morte? Nesse tipo de morte
– Deus não está presente;
– o céu está fechado;
– o Eterno afasta o olhar!
Por isso, uma morte assim é o mais terrível, pavoroso e horroroso que pode acontecer a uma pessoa. Existem testemunhos suficientes a respeito. A seguir, citamos somente alguns:
– O ateu David Hume gritou por ocasião de sua morte: "Estou nas chamas!"
– A morte de Voltaire, o famoso zombador, deve ter sido tão terrível que sua enfermeira disse depois: "Por todo o dinheiro da Europa, eu não gostaria mais de ver um ateu morrer!"
– Hobbes, um filósofo inglês, disse pouco antes de sua morte: "Estou diante de um terrível salto nas trevas."
– Goethe exclamou: "Mais luz!"
– Churchill morreu com as palavras: "Que tolo fui!"
Bastam esses poucos exemplos para nos mostrar claramente o que significa morrer como pecador. E Jesus experimentou esse tipo de morte, apesar de Ele mesmo – que isso fique bem claro – ser e continuar sendo absolutamente sem pecado. Ele experimentou uma morte tão pavorosa porque na cruz Ele tomou sobre Seu próprio corpo todos os pecados de todos os homens de todos os tempos. Pedro diz em sua primeira epístola: "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça" (1 Pe 2.24a). Quando Jesus morreu a morte do pecador, realmente o céu ficou fechado, o Pai desviou o olhar, o Eterno se afastou; e Ele, o Filho, ficou dependurado, só e abandonado, na cruz. Que ondas pavorosas do inferno devem ter se abatido sobre Ele. No Salmo 22 os sofrimentos de Jesus naquelas horas horrorosas são descritos de modo amedrontador, bem detalhado e claro: "Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as bocas, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se-me dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó da morte. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim" (vv. 12-17).


Meu irmão, minha irmã, como isso deve ter sido terrivelmente difícil para Jesus Cristo! Não é de admirar, pois, que de repente tenha partido de Seu coração ferido este grito: "...Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Esse foi o grito de um homem que caiu num profundo abismo, e cujo coração estava completamente dilacerado.
É interessante lembrar que até então Jesus nunca havia sido abandonado pelo Pai. E agora, na cruz – Ele não somente foi abandonado pelo Pai, mas também estava cercado pelos poderes do inferno. Não, até então o Pai nunca O havia abandonado; pelo contrário –o Pai esteve constantemente nEle. Por exemplo, Jesus disse: "Quem me vê a mim, vê o Pai" (Jo 14.9b). E em João 11.41b lemos: "Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai..."Portanto, até essa hora tinha havido completa harmonia entre Ele e o Pai. E Jesus se alegrou por essa harmonia, e testemunhou dela, por exemplo, com as palavras:
– "...porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou" (Jo 8.16).
– "E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só..." (Jo 8.29b).
– "Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30).
– "...para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai" (Jo 10.38b).
Que maravilhosas palavras! Mas, exatamente por isso foi muito mais duro e trágico o contraste entre elas e as horas na cruz. Oh! que caminho Jesus teve que seguir! E, por quê? Para redimir a você e a mim; pois nós deveríamos ter estado ali na cruz!
Talvez agora compreendamos um pouco melhor o profundo abismo dos sofrimentos do Cordeiro de Deus; talvez sejamos capazes agora de participar um pouco dos Seus sentimentos, do que Ele passou. Mesmo assim, uma ou outra pessoa poderá perguntar:

Jesus não sabia que tudo seria assim?

Ele falou várias vezes a respeito aos Seus discípulos. Lemos, por exemplo, em Mateus 16.21:"Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas cousas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia." Aqui Ele falou claramente que ainda teria que "sofrer muitas cousas". Além disso, havia muitas profecias do Antigo Testamento que apontavam com clareza assustadora para esses acontecimentos; e Jesus conhecia todas essas palavras da Escritura. Portanto, certamente Ele sabia de tudo. Apesar de que jamais poderemos responder a essa pergunta definitivamente, hoje vou tentar – com todo respeito ao Cordeiro de Deus – dar uma resposta bem superficial. Jesus Cristo – apesar do fato de ser o Filho de Deus e de todas as coisas serem manifestas perante Ele – talvez não soubesse de uma coisa: quão terrível seria a separação entre Ele e o Pai; quão horroroso seria ser abandonado pelo Pai! Pois, repito: Ele nunca antes havia ficado sem o Pai – muito menos sido abandonado pelo Pai.


Entretanto, talvez você diga agora: Mas Jesus sempre sabia de tudo. Tudo – será que Jesus realmente sabia de tudo? Ele mesmo falou certa vez de algo que não sabia, ou seja, da hora da Sua volta: "Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mc 13.32). Portanto: isso era uma coisa que Ele não sabia. Por isso, não será que somente o próprio Pai sabia o que o Filho realmente teria de passar na cruz; quão difícil realmente seria a separação? Não será que o Pai tenha se calado sobre esse assunto por causa de Seu grande amor pelo Filho?
Apesar de não sabermos a resposta, nesse contexto podemos pensar na relação de Abraão e Isaque. Quando os dois ainda estavam a caminho do local do sacrifício, Isaque, que não sabia de nada, perguntou ao seu pai: "Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?" (Gn 22.7b). O que Abraão respondeu a Isaque? Lemos em Gênesis 22.8a:"Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto". Isaque sabia, portanto, do sacrifício, mas não sabia da terrível verdade de que ele deveria ser a vítima.
Jesus Cristo sabia do Calvário. Ele sabia que seria o Cordeiro do holocausto; mas será que Ele também sabia quão terrível seria quando o Pai – nas horas do Seu sofrimento e da Sua morte – teria que abandoná-lO? Bem, não o sabemos, e também nunca teremos uma resposta definitiva para essa questão aqui na terra. Uma coisa, porém, é segura: as horas do Calvário realmente foram as mais difíceis e solitárias pelas quais ninguém na terra jamais passou; e o Filho do Homem, Jesus Cristo, as sofreu.

O alto objetivo dos sofrimentos de Jesus

Por que o Senhor da Glória teve que sofrer de forma tão extrema? Para redimir muitas e muitas pessoas escravizadas! Oh! quão maravilhosamente esse objetivo dos sofrimentos de Jesus é descrito no livro do profeta Isaías: "...quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade... com o seu conhecimento, justificará a muitos... Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte..." (Is 53.10b,11b,12a). Glorioso, não é mesmo?! E até hoje são acrescentados diariamente novos justificados à Sua posteridade. Mas tudo começou nessa terrível cruz solitária. Quanto mais se agravava Seu caminho de morte, quanto mais profundamente Jesus entrava em dores e sofrimentos, maior e mais real se tornava o fato de que assim o caminho ao reino dos céus estava sendo aberto para a Humanidade. A cada hora de dores se aproximava a grandiosa vitória de Jesus, a porta da graça se abria cada vez mais.
Vejamos essa gloriosa verdade em relação à parábola de Jesus sobre os trabalhadores na vinha. Nela nos é mostrado maravilhosamente, de forma figurada, o processo que Jesus enfrentou na cruz – quanto mais horas de dores, mais próxima e maior a vitória. Leiamos a primeira parte dessa parábola: "Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora viu, na praça, outros que estavam desocupados, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados, e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então lhes disse ele: Ide também vós para a vinha" (Mt 20.1-7).


Essa parábola aponta maravilhosamente para o reino celestial e para todos que estarão nele algum dia. Ela nos mostra também que não faz diferença se alguém encontra cedo o caminho ou se chega somente à hora undécima. O que importa é que muitos venham! Não vamos nos ater agora na parábola em si, mas extrair dela maravilhosos paralelos sobre os acontecimentos do Calvário.
1 – Quando começou o verdadeiro caminho de morte de nosso Senhor? Não me refiro ao caminho de sofrimentos em geral, que já começou na manjedoura em Belém, mas ao caminho de morte e crucificação em si, através do qual Ele, como Deus, o disse através do profeta Isaías, geraria uma posteridade, ou seja, justificaria a muitos. Quando começou esse caminho da cruz? Lemos em Marcos 15.1: "Logo pela manhã entraram em conselho os principais sacerdotes com os anciãos, escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos." E quando o dono da casa, na parábola citada, começou a enviar trabalhadores para sua vinha, isto é, quando o Rei do reino dos céus começou a chamar Sua posteridade para Seu reino? Também cedo de manhã: "Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha" (Mt 20.1).
2 – Quando, exatamente, Jesus foi crucificado? À hora terceira (nove horas da manhã): "Era a hora terceira quando o crucificaram" (Mc 15.25). E quando os próximos trabalhadores foram enviados para a vinha, isto é, quando o Rei do reino dos céus chamou os seguintes da Sua posteridade para Seu reino? À terceira hora (às nove horas da manhã): "Saindo pela terceira hora viu, na praça, outros que estavam desocupados, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo" (Mt 20.3-4).
3 – Quando se abateram as terríveis trevas sobre toda a terra? À hora sexta (às doze horas): "Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona" (Mc 15.33). E quando os trabalhadores seguintes foram chamados para a vinha, ou seja, quando foram novamente chamados outros à posteridade no reino dos céus? À hora sexta (ao meio-dia): "Tendo saído outra vez perto da hora sexta..., procedeu da mesma forma" (Mt 20.5).
4 – Quando o Senhor Jesus Cristo deu o Seu grito abalador?. À hora nona (às três horas da tarde): "À hora nona clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mc 15.34). E quando foram enviados mais trabalhadores para a vinha, isto é, chamados ainda mais pessoas para a posteridade no reino dos céus? À hora nona (às três horas da tarde): "Tendo saído outra vez perto da hora... nona, procedeu da mesma forma" (Mt 20.5).
5 – Quando Jesus Cristo foi sepultado? Antes do anoitecer no dia anterior ao sábado (aproximadamente às cinco horas da tarde): "Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, vindo José de Arimatéia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus... Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara, e o depositou em um túmulo que tinha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo" (Mc 15.42-43,46). E exatamente ao mesmo tempo, às dezessete horas, à hora undécima, na parábola foram novamente enviados trabalhadores para a vinha, ou seja, chamadas outras pessoas à posteridade no reino dos céus: "...e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados, e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então lhes disse ele: Ide também vós para a vinha" (Mt 20.6-7).
Essa comparação alegórica entre a morte de Jesus e a parábola dos trabalhadores na vinha nos mostra como através dos sofrimentos de Jesus na cruz, que ficavam cada vez mais intensos, a redenção se aproximava cada vez mais. Quanto mais se agravava Seu caminho de morte, mais resplandecia a verdade de que assim estava sendo preparado o caminho ao reino dos céus para a Humanidade.
Resumindo: cedo pela manhã começou o caminho da cruz de Jesus – e de madrugada vieram os primeiros trabalhadores para a vinha do dono da casa. À terceira hora (9 horas) Jesus foi crucificado – e à terceira hora foram chamados os trabalhadores seguintes para a vinha. À hora sexta (12 horas) se abateram as trevas sobre toda a terra – e à hora sexta foram chamados mais trabalhadores. À hora nona (15 horas) Jesus gritou Seu abalador "Por quê?" – e exatamente nessa hora foram novamente chamados trabalhadores na parábola. E à undécima hora (17 horas) Jesus Cristo foi sepultado; na parábola dos trabalhadores na vinha na mesma hora foram chamados mais uma vez trabalhadores. Aqui vemos claramente o que o profeta Isaías profetizou: "Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si" (Is 53.11).
Ao vermos tudo isso novamente hoje – essa maravilhosa obra do Calvário com seus grandiosos efeitos –, impõe-se a pergunta: o Senhor Jesus fez tanto por nós – mas o que podemos fazer por Ele?

O que podemos Lhe dar?

Oh! na verdade, nada! Pois conhecemos a nós mesmos e sabemos quão rapidamente novos propósitos e promessas são esquecidos. Apesar disso, devemos dar uma resposta ao Senhor! Talvez um acontecimento da vida de Pedro possa nos ajudar nesse sentido. Em certa ocasião, ele estava em Jope, na casa de um curtidor chamado Simão. Seu lugar de oração era sobre o eirado (terraço) da casa. Lemos em Atos 10.9: "No dia seguinte..., subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta". Se bem que esse texto na verdade não tem nada a ver com o Calvário, interessam as palavras "por volta da hora sexta". Portanto, Pedro subiu ao eirado ao meio-dia (12 horas) para orar. E quando começaram as três piores horas para o Senhor Jesus na cruz? Igualmente à hora sexta: "Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona" (Mc 15.33). É comovente o fato de que Pedro – consciente ou inconscientemente – tenha feito da pior hora de seu Senhor na cruz sua hora de oração diária! Pois podemos supor que não se tratou de uma oração única, ao acaso, mas de um costume regular. Como quer que seja, de qualquer modo, Pedro estava orando ao Seu Senhor na hora em que Jesus tinha passado pelos maiores tormentos na cruz. A pergunta é: o que podemos fazer pelo nosso Senhor Jesus; o que podemos Lhe dar? – na verdade, a minha e a sua resposta deveria ser bem clara: recomeçar uma vida de oração intensiva, baseando-nos a partir de agora conscientemente na morte de nosso Redentor! Em outras palavras: nunca mais oremos sem antes pensar porque podemos orar; sem que tenhamos completa clareza de porque temos o privilégio de orar; e sem estarmos plenamente convictos de que temos que orar! Pois: Jesus Cristo nos deu – através de Seus sofrimentos inomináveis e de Sua morte na cruz – a filiação pela qual podemos exclamar em oração: "Aba, Pai!" Sim, é o que está escrito: "E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai" (Gl 4.6). Amém.